Eu, Homem das cavernas.
A frágil condição humana é a mesma frágil condição de qualquer ser vivo, finitude.
Enquanto ainda éramos caça, na mesma proporção que caçadores, intuir isso era o jeito de sobreviver a mais um dia, penso eu.
O senso de autopreservação era um imperativo ao homem das cavernas? Desconfio que sim.
Fome, sede, frio. Caçado, acidentado, afogado. De febre, dor, hemorragia. No parto, picado, pisoteado.
Tão fácil se morria.
De gripe? Malária? Verme? Dengue, cólera, difteria? Hanseníase, tifo, fungos?
De viver, se morria.
O homem das cavernas saía (será que acreditava que voltaria?) e nada sabia. Tudo era um mistério, toda variável se abria em mil outras, infinitamente.
Estar na caverna devia ser um puta prêmio! Queria dizer que, naquele dia, você tinha mais chances de sobreviver.
É verdade, são só inferências.
É o jeito de imaginar as coisas da realidade onde estou, do meu lugar, das minhas vivencias, do que eu li, pensei, idealizei.
Refletindo historicamente, fomos saltando na evolução.
Dominamos o fogo, artefatos, agricultura.
"Dominamos" (aí começa a pretensão e o estrago) a natureza, uns aos outros, domesticamos os animais. Criamos uma superioridade falaciosa, sistemas e modos refinados de sobrevivência, soluções e problemas.
Quanto mais rápido íamos, maior era o salto na "evolução".
A corrida ficou vertiginosa demais.
(Só consigo pensar, de novo, no filme da Disney, A espada era a Lei)
Analisando retrospectivamente, é possível ver, não só o caráter cíclico da história, mas o mais intrigante –o dialético.
Somos o mesmo homem das cavernas (embora tenhamos a ilusão que não sejamos mais caça).
Morremos das mesmas coisas, com maior ou menor frequência e alguma variação.
A frágil condição humana é a mesma frágil condição de qualquer ser vivo, finitude.
Ignorar isso nos faz arrogantes, estúpidos e com a mais triste forma de sobrevivência possível: aquela que adia a vida para um amanhã que só existe no meu desejo.
A frágil condição humana é a finitude.
A mesma finitude que deveria nos fazer bravos, corajosos e livres.
(Texto novo)
ResponderExcluirA finitude é, talvez, o grande tema da filosofia. Uns dizem que pensar a finitude paralisa, outros que nos faz sair do lugar. Estou com os segundos. Nunca gostei da ideia de viver para sempre. Os vampiros, apesar de tudo, são filhos da maldição, porque veem tudo morrer e não morrem. Se ser infinito num mundo finito é uma maldição, o que é Deus?
ResponderExcluirCertamente q penso em literatura com sua reflexão... rsrs.
ExcluirPenso em Orígenes Lessa (A desintegração da morte) e um pouco em Érico Veríssimo (Incidente em Antares), mas penso muito mais em Guimarães Rosa, no Grande Sertão: Veredas, que questiona não Deus, mas o Diabo. E, ao fazê-lo, vai dando essa dimensão de mistério q é Deus, q é o homem, q é a fé e o amor. A finitude se limita ao invólucro?