O nome das coisas




-Pega pra mim.
-O que?
-Isso aí.
-Isso o que?
-Ave Maria, num tem serventia nem pra intuir o nome das coisas!
Saiu de lado, a pequenez maior do que si.
Não era tanto a palavra que doía, mas o jeito que saía da boca. Pouco caso.
Pegou de cismar.
Quem inventava o nome das coisas?
Quando a primeira pessoa precisou pedir a outra que pegasse alguma coisa, como terá sido?
Pensava, achava rumo de resposta, se perdia no fio, pensava de outro lado. Cabeça da gente tem caminho demais...
Achou que as pessoas eram muito sabidas quando precisavam dar jeito.
Também achou que eram umas bobas porque não davam jeito em tudo.
Mas, será que tudo tinha jeito?
Zuma falava sempre "só pra morte não há jeito".
Desacreditava.
Podia pensar em 482 coisas que ninguém deu jeito, pelo menos.
Sentiu um nó na barriga.
O nó apertando não deixava pensar.
Quem tem a barriga vazia só acha fome para cismar.



Comentários

  1. E pra fome não precisa se dar nome, por que ela é um bicho que te come por dentro não necessitando ser nomeada, por que é inominável mesmo.

    ResponderExcluir
  2. Sempre gostei de pensar que há jeito pras coisas. Mas, nunca senti o nó da barriga, o bicho que come por dentro. Ontem, lendo um conto do Scliar vi uma frase que dizia algo como: se um pobre pode ter esperança, então todos podem ter esperança. A esperança também é um bicho estranho.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

(Saber o que o outro pensa, faz diferença...)