(In)Saciado
Sim, eu poderia chegar bem perto. Perto o suficiente para te sentir o hálito, mas não sei se poderia voltar então. (Mentira. Eu voltaria). Mais do que chegar assim, tão perto, eu poderia colar em ti. Poderia estar em ti... Fundir-me a ti. E, ainda assim voltar – eu conheço o caminho.
Sim, eu poderia te atravessar. Poderia deixar que me atravessasses. Poderia sentir teus cílios roçando nos meus enquanto piscamos. E voltar. Eu cederia e voltaria (e faria isso incontáveis vezes) porque, no fundo, eu nunca fui ou fiquei, eu transitei. Flutuei no espaço imaginado por uma mente ampla demais, livre, libérrima, fugaz.
Sim, eu poderia percorrer teu corpo e deslindar teu pensamento bem de perto, com o nariz tocando o teu. E voltar. A audácia poderosa dos que não temem o caminho. A confiança inabalável de quem entendeu que o caminho é só de ida. A volta é, tão somente, ilusionismo, para os mendicantes de certezas. Sirva-se, não tenho essa fome.
A vida é só ida. Para variar, tia, tuas palavras colando no meu juízo pela potência do conteúdo e da forma!
ResponderExcluirLembrei do Dalai Lama (é assim que se escreve?) dizendo que a vida é como a pedra atirada...sem volta
ResponderExcluir