Monstro

 

Perguntou para mãe que monstro ela era e, a mãe, sem saber bem o que ela queria dizer, foi logo resolvendo o assunto dizendo que ela não era monstro nenhum. A menina baixou a vista com um ar de tristeza. A mãe, sem entender nada, imaginou que algo havia acontecido na escolinha. Acocorou-se para ficar mais perto da altura da menina e indagou: O que aconteceu? Alguém disse algo que você não gostou? A garotinha, sem jeito, balançou a cabeça indicando que sim. Quem? Emendou a mãe. A pequenina, não proferiu uma palavra, só alçou os olhos em direção a sua genitora. Eu? Questionou a mãe se deixando sentar no chão dado o impacto da revelação. Ouviu uma voz fraquinha que pontuava um ‘sim’ dolorido. Você disse que eu não sou monstro nenhum. A coisinha de 4 anos, já ia chorar, quando reparou, com sua perspicácia própria da infância, que a adulta estava confusa. Foi, então,  sua vez de explicar: Mãe, monstros são animais muito coloridos, únicos e que se fingem de bravos só por brincadeira. Há monstros de todos os tamanhos, mas eles podem morar juntos se quiserem. Monstros não precisam tomar banho todo dia, nem escovar os dentes tantas vezes. Monstros dormem bem em qualquer canto, até debaixo das camas dos outros. Eu queria ser monstro. Monstro com cara de jacaré e asinha de abelha todo pintado de rosa e azul.