Confissão
Guardo um segredo,
Como o pássaro azul de Bukowski,
Mas não sei se ele quer sair...
Todos os dias eu vejo se ele já se esqueceu,
Mas ele não se esquece.
Meu segredo fica bem acomodado,
Entre uma dor de nascença e outra bem grande.
Eu o escuto, de vez em quando.
Mas ele mal balbucia, impronuncia-se.
Uma vez o julguei perdido, não sei se senti alívio,
Guardo-o, como quem guarda uma irrelevância sentimental,
Um tanto displicente, outro tanto cuidadosa.
Eu guardo um segredo,
Não sei sua cor, desconfio do alcance, não imagino seu tamanho.
Como o pássaro azul à Bukowski, ele me humaniza.
Quando quero desistir, ele lateja –e eu deixo de querer.
Guardo o mesmo segredo que todo mundo,
Mas eu já descobri, e você?
Oh Rapha, ainda tentando descobrir alguns, mas agora com leveza depois desse texto.
ResponderExcluirRapha, há tantos segredos que nos humanizam. Alguns encaro, outros varro para debaixo do tapete. Sigo nessas ruas de renomear os segredos, fazendo deles outros. Amei o poema e a provocação.
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