Buraco de palavras

Escrevo como quem joga buraco

Diante de palavras embaralhadas

Tento criar sequências aceitáveis

Espero novas cartas que preencham os vazios

Refaço os planos a cada jogada

 

Também os poetas contam pontos

Busco combinações valiosas

Basta um elemento de naipe estranho para sujar meu verso

Mas, com muita sorte e um pouco de destreza,

Vou de às a z e faço uma canastra real

 

Poetizando, fico vulnerável antes dos 1500

Torne-me alvo fácil calculando cada migalha que tenho em mãos

O que fará o outro que me lê?

Seu descarte completará meus vazios ou vai me obrigar a encará-los?

É sua jogada que permite ou não a continuidade do poema

 

Como jogadora não profissional lido com a escrita

Invento-me uma amante amadora de frases desconjuntadas

Com paus, teço textos rústicos

Golpeio ideias e sentimentos com espadas enferrujadas

Na esperança de extrair ouros dos corações.

 

Fim de jogo.

Quem venceu?