Do alto do pedestal da flor
Morava ao lado de uma piscina, não
lhe faltava comida ou bebida. Estava sempre bem nutrida. Assistia a tudo que
acontecia nos fins de semana na beira daquela caixa grande de água azul. Pessoas
tristes, bêbadas, alegres, vomitando, nadando. As crianças eram as que ela mais
gostava por que sempre que saltavam na água ela ganhava respingos de alegria. Raramente
a viam, mas quando a viam sentia-se uma deusa. Havia os que lhe arrancavam os filhos.
Essa história de pessoas arrancaram os filhos das outras para seu bel prazer é
antiga. Então torcia para que seu brotinho aguentasse o máximo que pudesse até
chegar ao jarro mais próximo. Muitas vezes era só para enfeitar o cabelo de
alguém, ainda assim sentia-se orgulhosa de poder embelezar a vida da pessoa. Já
tinha assistido ali a passagem de gente tão imprestável quanto chorume. Ela não,
ela era útil, sabia da sua importância. Alimentava besouros, encantava o lugar,
fazia seu trabalho direitinho para com as formigas doando algumas folhas, mantendo
bem o equilíbrio no universo. Era bela por que vivia para o todo e o todo lhe
recompensava de várias formas: com alguém que lhe admirava, com os risos das
crianças, com a chuva que lhe enchia de gotas e com o sol que lhe ajudava a
realizar a fotossíntese. O vento forte às vezes a deixava tonta, mas suas raízes,
sua pegada forte à mãe terra a trazia de volta para o prumo e ela seguia seus
dias vendo e ouvindo sem fazer uso da tão famigerada racionalidade que assola as
multidões.
Toda racionalidade que não vê a beleza das flores é irracional...
ResponderExcluirE inútil, Ritinha.
ResponderExcluirEssa racionalidade cada dia mais estúpida.
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