Pétreo
É questão de prática, repetia.
A primeira pedra lançada, foi direto ao fundo.
Bruta.
A segunda, afoita, ensaiou quicar e falhou.
A terceira, escolheu-a melhor, mais achatada, isso também era uma premissa.
A terceira não lançou.
Segurou entre os dedos, encostou no nariz, olhou no íntimo.
A pedra não tinha vontade.
É questão de jeito, insistia.
A pedra não queria.
Sua mão não queria, seu braço e o corpo inteiro, nada queria.
Soltou-a.
A pedra quicou quando bateu em outra no chão.
Abrupta.
Não foi lançada, não houve arremesso.
É questão de desejo, concluía.
De liberdade que não se eximia.
Que lindeza essa de reconhecer (inventar?) o desejo nas coisas brutas. Nós somos coisas brutas também, não é?
ResponderExcluirSomos, definitivamente. Brutas e sensíveis.
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