EU


 

Todos.

Sou todos.

Amigos, inimigos e desconhecidos;

Escrotos e modelos morais;

Estúpidos convictos ou envergonhados;

Todos em mim.

Encapsulados em meu ventre fértil,

Filhos desenvoltos da minha imaginação.


Sou o mundo.

Inteiro,

Despedaçado em identidades individualizantes.

Qualquer nome, sou.

Os que habitam os livros de história e os que morrem sem vala,

Rita e Chico,

Marias e Zés ninguéns.

Massa homogênea diferenciando-se indefinidamente,

A igualdade escondida sob os véus do irrepetível.


Meu desprezo e meu amor reencontrados,

Confusos,

Em um namoro apaixonado e brutal.

Célula única antes da divisão.

Na solidão fria do vazio,

Multiplico-me,

Pingando rostos que finjo não serem meus,

Desenhando um universo inexistente.

Tudo eu.

Espalhada.

Espelhada.


Comentários

  1. Pra quem diz não saber fazer poesia...
    Continue sem saber assim, maravilhosamente.

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    Respostas
    1. Tia, eu fico toda toda, vendo você que é poeta de mão cheia ver em mim poesia.

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  2. Amei essa troca dialeticamente poética.

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(Saber o que o outro pensa, faz diferença...)