Quente como dentro da gente

 


Faz calor e eu canto

Embora me doa no flanco

Essa coisa de rolar no barranco

Esse jeito de arremedo

Esse enorme medo.

 

Faz calor e eu grito

Falo pra nenhum ouvido

Berro de abstrato sentido

Essa gutural insuficiência

Essa grandessíssima ausência.

 

Faz calor e eu vivo

Ainda que me custe

Ainda que me assuste

Ainda que relute

Faz calor e eu sobre(tudo)vivo.

Comentários

  1. Ah, tia! Que sigamos, com medo, sem certezas, ora gritando, ora calando. Mas que nunca a gente se entregue ou deixe de admirar a paisagem.

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  2. E eu (sobre)tudo vivo...
    Obrigada

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(Saber o que o outro pensa, faz diferença...)