Deslugar
O jeito como impelia as palavras para dentro feria a garganta
Morava no silêncio, povoado demais, caótico em demasia
“É da casa”, como uma mobília: uma cômoda pesada ou uma porta assentada
“Foi criada aqui”, como as galinhas do quintal ou as expectativas abatidas
“Mesmo que da família”, como o lodo escorregadio na escada ou o segredo bastardo
E a maneira como engolia as palavras quentes queimava a boca inteira
Embora a luz machucasse as retinas, na escuridão enxergava bem
Habitava, desordenadamente, em si
Não conhecia outro lugar, senão a beira
Não distinguia outra coisa, não havia nada além.
Eita, poesia-porrada... Dessas que são necessárias.
ResponderExcluirAh, amei a foto também!