O menino e a pipa



Cansado de ver as pipas tomarem supapos como ele tomava do padrasto, Kiko resolveu construir uma pipa que se defendesse e tivesse vontade própria.

Ela não seria como as outras. Forçadas a subirem e descerem ao prazer dos garotos bobos que não sabiam o poder que a pipa pode ter. Todos bobos, corriam e obrigavam suas pipas a serem suas escravas e se engancharem nos fios.

Ele não, bobo jamais. Construiu a pipa cautelosamente e quando sentiu que ela poderia voar e ser livre, correu até o penhasco mais próximo, levando-a como um bebê recém-nascido. Não queria forçá-la. Ela o levaria e não o contrário.

Enquanto andava rumo ao que considerava o princípio do grito de protesto da pipa imaginava que mundos os aguardava e o quanto as cores do crepúsculo estavam mais ousadas naquele pôr-do-sol. Encarrou o infinito. Soltou a danada e ela obediente ao rei  o vento e ele preso aos seus fios visitou o mundo onde padrastos não existem e as nuvens são feitas de algodão doce. o arco-íris derramava suco constante e desaguava na terra de frutas e doces fartos para aqueles que sabem seguir o vento sem ser seu escravo. Na imensidão Kiko viu sua mãe há tempo sumida pela ação do padrasto e puderam usufruir do colorido do mundo dos ventos depois de permitirem o olhar de volta  do penhasco.

Do alto do penhasco Kiko e a mulher pipa visualizaram a potência do desobedecer mundos.


*Texto escrito por Denise

Comentários

  1. Anônimo31/5/22

    O voo lindo de uma pipa livre... ❤️

    ResponderExcluir
  2. A pipa livre, o pôr-do-sol e o mundo colorido pelas desobediências mais importantes!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

(Saber o que o outro pensa, faz diferença...)