Por cores incandescentes

 



“Você é bonitinha.”

Parece que gostou, bonitinha não era bonita, mas era melhor que feia.

Parece que ficou feliz, podia chegar à bonita, talvez. Não tinha muita certeza. Por hora bastava. Sentados lado a lado, sorriam.

“Você é engraçado.”

Parece que gostou, engraçado não era bonito, mas era melhor que bobo.

Parece que lhe serviu, não precisava chegar a nada. Será? Calou a vontade de ser cavalheiro com espada e armadura. Segurou sua mão, tremiam.

O tempo parou um pouco para olhar, o suficiente para criar memória detalhada.

Enfiou a mão no bolso e tirou um pacotinho de balas de goma pela metade, “você gosta?” “Gosto.” “Qual a sua preferida?” “A vermelha.” Ele, então, separou todas as vermelhas e lhe entregou.

Os olhos brilhavam muito, parece até que o coração deu uma aceleradinha. “E você, prefere qual?” “As vermelhas também.” Agora os dois corações estavam disparados, certeza! Ela dividiu exato e lhe devolveu a parte correspondente. Sobrou uma.

Ficaram olhando aquela bala ímpar com receio do que fazer. Outra vez o tempo estancou para saber a solução.

Olhando meio pra ele, meio pra bala, mordeu-a na metade e estendeu o diminuto pedaço restante, quase sorrindo. Ele sorriu de verdade enquanto colocava na boca um gosto da sua boca, junto com o açúcar da bala.

“Você é linda.”

Linda é bem mais que bonita.

“Você parece um príncipe.”

Um príncipe é mais que um cavalheiro.

Talvez, para compensar, o tempo se pôs muito veloz. Não viram, embrumaram-se em algum lugar inatingível, onde, talvez, ainda prefiram as vermelhas.

Sentados na lonjura, escolhem as laranjas, sem saber ao certo por que seguem guardando as vermelhas pro final.

 

Comentários

  1. Tia, eu simplesmente amei!! Tem um ar de meninice refrescante!

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(Saber o que o outro pensa, faz diferença...)