Esparsos na tarde
Gosto quando me chamas “meu bem” e seus lábios se beijam duas vezes
Quando falas “querida”, e sua língua vibra e roça os dentes, é bonito
Mas é quando nada dizes, e sua língua me encontra, que tudo sibila.
Olho o buraco de formigas, intriga-me
Imagino a miríade de túneis e caminhos
Eu também sou labirinto em mim.
Aberta a temporada de negociações
Muno-me das mais atraentes propostas
Ignoro que com Deus não se negocia.
Se eu passasse a maior parte da vida sob a terra
Também cantaria enlouquecida ao sair
A serenata interminável das cigarras comove-me.
No meu escuro há sempre um vaga-lume
Não é uma estrela, ou um cometa, ou a lua
É palpável, embora eu não arrisque tocá-lo.
Penso no seu sorriso, que tem qualquer coisa de ausente
O meu sorriso é muito fácil e se dá despudorado
O sorriso é quase um jeito de ser a gente.
Amei, tia. Li tanto de ti nesse poema... E essa varanda, ainda com as marcas das nossas vozes e risadas, que delícia...
ResponderExcluirAcontece da gente se mostrar demais, às vezes, né... Ou, por outra: bendita intimidade!
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