Rima pobre, amizade rica

 

Amizade é bicho estranho

Coisa mesmo inesperada

 Junta povo diferente

Sob uma mesma morada

Nós que somos apartados

Desde o canto de largada

Convivemos tantos anos

Qual família que foi gerada

O lugar do nosso encontro

É uma terra quente danada

Nela a brisa mais agradável

Sopra da serra e da nossa risada

Tem amor e arranca-rabo

Tem divergência superada

Tem choro, comida boa

Há sempre festa animada

De tão bonita essa história

A poesia fica envergonhada

De não dar conta de alcançar

Nossa beleza bagunçada

Eu sei que não somos lindos

Mas somos rápidos na língua afiada

Quando um de nós se faz ausente

Resolvemos com piada

Ateu do lado de crente

Rótulos não servem de nada

O ateu agradece ao caos

A crente se diz abençoada

Não importa se velho ou nova

Nossa idade é a da presepada

Um com o outro aprendemos:

Diversidade é para ser celebrada

Perdoem as rimas pobres

Queria só deixar registrada

Que têm os ricos por natureza

E os ricos de gente joiada!