Manhã ordinária
Umedeço os lábios com a língua viva
Umedeço os olhos com colírio
e às plantas com água do filtro
e ao sexo com delírio e saliva
Gasto muitas horas com palavras
escritas, lidas, ouvidas, ditas
Gasto muito pensamento à toa
fundos, claros, raros, sem ressalvas
Umedeço o travesseiro com suor
e a nuca molhada anseia a brisa da madrugada
Gasto a coragem de um jeito menor
escondo a leveza nos úmidos da vida escancarada
Não sei nada de economia
À noite possa ser que tenha medo
Gasto o dia sem sabedoria
Colírio, língua, saliva e degredo
"Gasto muitas horas com palavras"... Gostei de tudo, mas essa parte me parou.
ResponderExcluirE, que se registre, entre leveza e sabedoria, tendo a preferir a primeira